Falcão e a política

Técnico paga por falar o que pensa

Falcão está sofrendo na pele o que muitos de nós, jornalistas, advogados, pedreiros, engenheiros, enfim, profissionais de qualquer área, já sentimos na pele ou ainda sentiremos: o preço de expor sua opinião, assim, sem rodeios, como o técnico e eterno ídolo colorado fez no último domingo, ao dizer que seu time não tem, com o grupo atual, condições de ser campeão brasileiro. Ora, isso todos dentro do Internacional sabem, mas não falam abertamente. Falcão foi incorreto politicamente? Claro, mas quem disse que um homem com a índole de Falcão e com o histórico como jogador, técnico (já o fora anos atrás) e comentarista esportivo precisa ser político?

Já trabalhei com políticos e meu trabalho atual também requer jogo de cintura para lidar com este tipo de gente. Infelizmente, às vezes, temos que engolir alguns sapos e não dizer o que realmente percebemos, pelo fato de evitar complicações para o lugar onde trabalhamos. No caso de Falcão, os políticos do clube (Luigi e Siegmann) não gostaram das declarações do Rei de Roma, pois com isso, seus eleitores (a torcida) perceberam que eles (dirigentes) estão deixando a desejar, tentanto iludir o povo colorado com a conquista do campeonato gaúcho, nos pênaltis, contra um destroçado Grêmio.

Não sou ninguém para dar conselhos a alguém, mas se pudesse dar um à Falcão seria o seguinte: pegue sua mala, sua coerência, seu histórico de grande profissional e abandone este meio. Volte para a Rede Globo, pois lá poderás dizer o que pensa sobre o Inter ou qualquer outro clube. Deixe de lado essa hipocrisia que a política impõe sobre os meros trabalhadores honestos. Poderia relatar aqui mil histórias semelhantes à dele, como "maquiar" uma notícia só para agradar o chefe, mas deixo isso para outro momento, até porque a vida segue, eu tenho que trabalhar e você também.