O ápice da conivência com a violência



"Torcedores" antes do embarque

 Não me canso dentro da insistência de bater repetidamente na mesma tecla. A notícia publicada no site Globoesporte.com, sob o título "Grêmio embarca com 56 torcedores a Barranquilla", coloca uma foto (esta ao lado) com quatro integrantes da torcida Geral do Grêmio. No entanto, "esquecem" de dizer a origem destas passagens para a Colômbia: o subsídio que o Grêmio cede à esta facção.

Digo facção tendo como base os acontecimentos que vem ocorrendo desde o início do ano, coincidentemente após a posse do atual presidente Paulo Odone. A baderna recebeu até nome: Operação Bin Laden. Parece que as cenas de selvageria vistas na estreia do Grêmio no Gauchão, a violência contra os torcedores de Erechim, agressões no pátio da Ulbra e depredação de ônibus na capital, não foram suficientes para abater a relação de Odone com a Geral. Muito pelo contrário, a cada jogo se sabe de benefícios cada vez maiores para o grupo.

Não contesto o subsídio à organizadas, muito pelo contrário. Sou a favor. Mas, quando estas são merecedoras de tais benefícios, justificando os mesmos através de ações pacíficas e de apoio ao clube. Ninguém pode negar que a Geral do Grêmio é a maior e mais importante torcida do clube, que reúne o maior número de pessoas que cantam em prol do tricolor. Porém, esta facção que a comanda - a qual alguns jornalistas intitulam "meia-dúzia" - mancha a imagem daqueles que vão ao estádio apenas para apoiar.

Aliás, o subsídio deveria ser concedido à todas as torcidas do clube: Geral, Jovem, Velha Escola e Máfia Tricolor. Mas, acontece exatamente o inverso. As duas últimas vem sofrendo ataques covardes e, com os relatos que tenho ouvido, dá pra imaginar que os marginais que fazem isso deven ter a conivência da diretoria do clube, que por sua vez, sem explicação alguma, "boicotou" Velha Escola e Máfia.

Resumindo, o "prêmio" por toda esta violência praticada pela Geral do Grêmio são ingressos, viagens e dinheiro - segundo o jornalista Wianey Carlet, somente para Montevideo, a torcida embolsou R$ 60 mil - enquanto outras duas torcidas do clube, exatamente as que a Geral sempre demonstrou repúdio e tratou com violência, estão sendo, aos poucos, extintas pela direção do Grêmio Fott-Ball Porto Alegrense. "Nesta viagem á Colômbia, além de ingressos, foi concedida a estadia em hotel e alimentação", afirma um diretor da Máfia Tricolor. 

Legenda 

Conforme um torcedor de outra organizada, que prefere não se identificar, a foto acima deveria ter uma legenda interminável, tantas são as acusações aos que estão nela. "Na foto publicada temos um dos conselheiros ligados à Geral do Grêmio, que foi flagrado agredindo torcedores da Velha Escola; o líder do ataque que destruiu um onibus com integrantes da Máfia, e os dois líderes que chefiaram duas tentativas de assassinato à torcedores este ano", acusa o jovem indignado.

Segundo o torcedor, que é sócio do Grêmio, também ouve confusão em Ijuí, Rivera (no Gre-Nal) e Novo Hamburgo. "Em todos os jogos estes ataques aconteceram". Ele conta que outras duas torcidas do clube estão sendo alvos a partir de agora. "Estão partindo pra cima de outras torcidas e já se tem relato de covardia contra torcedores ligados à Garra Tricolor e Torcida Jovem", completa.

Á espera da Justiça

De acordo com minha fonte, a agressão cometida contra a Torcida Jovem teria acontecido na Cidade Baixa, ponto de encontro da maioria dos componentes das organizadas de Grêmio e Internacional. Já em relação á Garra Tricolor, torcida que possui atualmente poucos integrantes na arquibancada, mas ainda recebe algum tipo de benefício do clube, um torcedor teria sido espancado por membros da Geral e acabou parando no hospital.

De acordo com o dirigente da Máfia, sua torcida, bem como as demais, não irão se utilizar de revanchismos para resolver a situação. "Confiamos na justiça e na imprensa, como forma de denunciar tantos atos de violência, que tem como objetivo extirpar todas as torcidas do Grêmio, permanecendo apenas a Geral", esclarece.