Gerente executivo afirma que torcida não se faz com resultados

O Campeonato Brasileiro nem terminou mas muitos clubes já vivem há tempos os campeonatos estaduais de 2015. O gerente executivo de futebol Marcelo Duarte, 41 anos, fala, nesta entrevista à Kokka Sports, sobre o ideal de preparação de uma equipe do interior para o Gauchão.

Marcelo se habilitou para a função no curso de Gestão para o Futebol, da Fifa. Antes, foram oito anos como preparador físico de clubes como Internacional, Vasco da Gama, Juventude, Guangdong (China) e seleção brasileira feminina. No Cruzeiro/RS, em 2010, obteve o acesso à elite do Campeonato Gaúcho.

Kokka Sports (KS): A tendência para 2015, nos clubes do interior gaúcho, é baixar custos?
Marcelo Duarte (MD): Sim! Criatividade, aproximação da comunidade e, para quem tem categorias de base, ter um olhar mais atento e profissional aos seus valores será fundamental. Serão necessários planos estratégicos, coerentes e dentro da realidade local para atrair investidores. Não necessariamente é preciso ter os melhores atletas para ser competitivo. É necessário ser leal ao seu torcedor, avisando-os de seus objetivos na temporada e buscando apoio incondicional. Este apoio inicia com transparência!

KS: Dá para reduzir custos e montar time competitivo apenas olhando para a base?
MD: Além da base, é preciso conhecimento de mercado para buscar bons atletas, com ambição e, automaticamente, mais baratos. Ainda: ações que tragam o público para o estádio. Público no estádio, envolvido com seu clube, é cliente em potencial para patrocinadores e investidores. O envolvimento dos torcedores não está alicerçado em resultados.

KS: É possível um clube do interior ganhar muito em marketing, sendo que a dupla Gre-Nal tem quase a totalidade dos torcedores?

MD: Ele comete o primeiro passo para o fracasso se querendo competir com a dupla Gre-Nal. Toda comunidade precisa de um clube de futebol. Ele precisa olhar para sua história. A população se identifica com este propósito, apóia. É preciso aliar ações que agreguem valor a crianças, jovens, adultos de ambos o sexo e idosos. Um clube de futebol tem capacidade para atender toda essa demanda. Ele pode gerar esses recursos e trazer a simpatia e confiança para dentro de sua estrutura, atraindo o interesse para maiores investimentos. Clube nenhum pode se contentar em vender placas publicitárias como uma grande fonte de renda.

KS: O time do interior que quer fazer um bom Gauchão tem que se apresentar quanto tempo antes de o campeonato começar?

MD: Penso que uns 45 dias antes da estréia.

KS: Uma pré-temporada pode ser realizada na sede do clube ou o ideal é um retiro do grupo e da comissão técnica?

MD: Depende da condição financeira do clube. Se o clube não tiver recursos, prefiro investir em material e estrutura para atletas e comissão técnica do que aplicá-lo numa pré-temporada. É uma situação muito especifica. É preciso analisar e verificar prioridades.

KS: Que número de amistosos é razoável? E contra equipes amadoras é válido?

MD: Depende do nível físico que os atletas apresentam. No caso das competições regionais, uma competição curta, estar pronto é necessário desde o início. Não existe tempo pra crescer durante a competição. Penso que 4 ou 5 amistosos sejam interessantes. Minha sugestão na elaboração da pré-temporada é iniciar contra equipes fracas e ir aumentando a dificuldade juntamente com o crescimento do trabalho da comissão técnica.

KS: Um clube que almeja título do interior precisa de um grupo de quantos jogadores?

MD: 28 a 30 atletas. Se, nesse número, você puder contar de quatro a seis da base estará ótimo.

KS: Quem precisar de muitas contratações, deve buscar onde? RS, SP, Nordeste?

MD: Em qualquer lugar! Não existe região ou estado especifico. É preciso ter conhecimento de mercado. Precisa ser entendido é o onde queremos chegar na competição e qual perfil do elenco e do técnico que terei. Qual o modelo de jogo do treinador? Qual a cultura de jogo da equipe? Como a torcida se identifica com o clube: São aspectos que norteiam algumas definições. Que tipo de jogo vou propor? São questões que amenizam a margem de erro, são decisões tomadas em planejamento. Se já temos uma base de equipe e não temos a comissão técnica. Também temos que fazer questionamentos. Minha equipe é aquela que defende muito bem e faz poucos gols? Minha equipe é jovem demais? É depressiva? Para todas essas perguntas, tenho um perfil de treinador e é preciso olhar e entender isso. Esses aspectos atuam na partida.

MARCELO DUARTE

Marcelo Duarte está sempre se qualificando para disponibilizar o máximo de conhecimento aos clubes pelos quais trabalha. Atualmente, cursa MBA Internacional de Gestão Esportiva na ESPM/Sul, em Porto Alegre. O executivo ainda é colaborador do portal www.universidadedofutebol.com.br, colunista diário do portal www.futebolgaucho.com e desenvolve DVD de sua autoria – “Preparação Física para o Futebol de alto rendimento”.

FICHA TÉCNICA

Nome: MARCELO Moraes DUARTE
Função: Gerente Executivo de Futebol
Naturalidade: Porto Alegre (RS)
Nascimento: 22/05/1973 (41 anos)

TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

2013 – 2014 | E.C. Juventude (RS) – Preparador físico (Profissional)
2013 | Guangdong Sports Lottery, Província de Guangzhou (China) – Diretor Técnico (Profissional)
2012 | Guangdong Sports Lottery, Província de Guangzhou (China) – Preparador físico (Profissional)
2011 – 2012 | E.C. Internacional-SM (RS) – Auxiliar técnico (Profissional)
2011 | Riograndense-SM (RS) – Auxiliar técnico/Preparador físico (Profissional)
2011 | Porto Alegre F.C. (RS) – Preparador físico (Profissional e Juniores)
2010 | E.C. Cruzeiro (RS) – Preparador físico (Profissional)
2009 | G.E. Sapucaiense (RS) – Preparador físico (Profissional)
2009 | C.R. Vasco da Gama (RJ) – Preparador físico (Juniores e Juvenis)
2007 | Seleção Brasileira – Auxiliar Preparador físico (Feminino)
2007 | S.C. Internacional (RS) – Preparador físico (Feminino)
2006 – 2007 | Duda Lázio (RS) – Auxiliar técnico (Feminino)
2006 | Duda Lázio (RS) – Preparador físico (Feminino)

Foto: Arquivo pessoal

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