A entrevista com os entrevistadores: Luciano Périco

ENTREVISTA: Lucianinho falou no estúdio da Rádio Gaúcha

O quinto entrevistado da série "A entrevista com os entrevistadores: um estudo sobre a atuação dos repórteres esportivos de campo, em emissoras de rádio, em Porto Alegre", realizada para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), para a Unisinos, é o gigante da arquibancada, Luciano Périco. Nascido em Porto Alegre, em 28 de fevereiro de 1976, Lucianinho começou sua trajetória
 na Rádio Gaúcha em 1998 como estagiário da produção, sendo contratado como produtor em 1999. Quatro anos mais tarde, em 2003, iniciou como repórter. Começou a apresentar programas, efetivamente, em 2006. Formado pela UFRGS, se destaca por ser o principal elo entre o ouvinte e o torcedor que comparece aos estádios, dando voz à emoção dos torcedores que estão acompanhando as partidas ao vivo, emitindo opiniões nem sempre dotadas de razão.




Blog do Moreno: Sendo o repórter um 'interruptor necessário' durante as jornadas, como interromper sem atrapalhar o narrador?

Luciano PéricoCom calma. Esperando o momento em que a bola para. Ou na respiração, após a leitura do texto comercial. O repórter não pode ser afoito.

BM: Quais as diferenças entre trabalhar "em casa" e "fora de casa", principalmente quanto à quantidade de repórteres nas jornadas.

LP.Geralmente, nos jogos fora de Porto Alegre, o normal é enviar um repórter. Isso acarreta mais trabalho e capacidade de mobilidade no gramado, tendo que controlar os lances nas suas metas, as substituições realizadas na partida e ainda fazer as entrevistas. Jogos em Porto Alegre contam com mais repórteres facilitando o trabalho. Cada um tem a sua tarefa.

BM: No Rio Grande do Sul, os repórteres têm como uma de suas características a imparcialidade, pois em sua maioria, não revelam para qual clube torcem. Qual a importância desta não-identificação nesta função?


LP.
Num estado onde a rivalidade é muito grande e há a dualidade de clubes, a imparcialidade é quase uma necessidade de sobrevivência do profissional do jornalismo esportivo. Devido à paranóia permanência e a desconfiança indevida e absurda na honestidade dos profissionais é impossível relatar o clube que torcem. Certamente, o profissional teria sérias dificuldades de executar o trabalho da melhor forma possível.

BM: Repórter tem de apenas informar ou deve opinar também durante a transmissão?


LP.
Penso que repórter tem que informar. A opinião é incumbência do comentarista. Claro que o repórter não é uma samambaia e, eventualmente, pode opinar sobre determinada situação.

BM: Como você avalia as respostas que são dadas pelos entrevistados nos momentos que antecedem, intermedeiam e sucedem uma partida? 

LP.
As entrevistas antes da partida são mais tranquilas. Geralmente, o entrevistado não está contaminado pela adrenalina da disputa. Respostas normais e rápidas. Mas quando a entrevista ocorre no intervalo ou no final da partida, quando os atletas estão mais pilhados pelos acontecimentos positivos ou negativos dos jogos, podem ocorrer respostas mais polêmicas. A fala dos jogadores fica carregada pela emoção do confronto. Pode ser definido pelo termo "o calor da hora".

BM: Muitos dizem que as respostas dos jogadores de futebol são sempre as mesmas nesse tipo de entrevista. Mas as perguntas, não são sempre as mesmas? Você busca variar nas perguntas? Se sim, de que forma? É possível um diálogo entre repórter e jogador? (resposta pode estar incluída na primeira. Se for o caso, ignore esta pergunta). 

LP.:
 Penso que as perguntas não são sempre as mesmas. Mas existem questões que sempre permeiam o noticiário esportivo e que acabam tendo aquele tipo de resposta padrão dos boleiros.  Coisas do tipo: como encarar o adversário? Qual será a estratégia do time? Essas coisas... Eu tento conversar com os jogadores dando um tom mais de conversa na entrevista e demonstrando proximidade. Estabelecer mais um diálogo do que uma entrevista propriamente dita. Dessa forma, é possível tirar alguma declaração diferenciada.  

BM: Como você, entrevistador, se sentiu na colocação de entrevistado?


LP.
É diferente! Com certeza, perguntar é muito mais fácil do que responder. Mas foi bem tranquilo.

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