Era uma vez.....

A ganância esquece o passado

Um lugar lindo, que apesar de contar com poucos ocupantes, era especial, pois se diferenciava de todo o resto e encantava a todos que o enxergavam.

Um lugar onde todos eram amigos – até mesmo íntimos – e causava inveja aos demais, pois sua população crescia de forma espetacular, mas não apenas quantitativamente.

Um lugar onde todos eram bem-vindos, acolhidos de forma diferenciada e tratados como membros antigos de uma família, mesmo que recém chegados ao recinto.

Um lugar que não se limitava a ocupar seu habitat natural. Seus habitantes espalhavam sua arte por todos os cantos do Brasil e até da América do Sul.

Um lugar que, por ser tão brilhante e original dentro do País, passou a ser copiado em diversas regiões, com a velha e boa desculpa do “estamos copiando a cópia”.

Mas não se tratava de uma simples reprodução daquilo que existe lá fora. Não. Era muito mais do que isso. Era um sentimento verdadeiro que, aliado a criatividade e a idéia de que poderia ser implantado por aqui, contagiou a todos.

O sucesso chegou, depois de muita luta e insistência. Foram cortados de tudo, não recebiam nada em troca do amor e tempo dedicado a quem mais amavam. Motivo para desistir? Nunca! Da dificuldade surgiu uma união ainda mais forte e o sentimento de injustiça serviu como motivação para aquilo não morrer e seguir forte.

A relação com seus superiores era de altos e baixos, porém nada nem ninguém conseguiram tirar seu brilho. Muito pelo contrário. Chegou-se ao tão sonhado patamar de ser motivo de orgulho para quem ama tal qual um filho que luta, apesar das divergências e dificuldades, e acaba satisfazendo um pai que, antes incrédulo em seu sucesso, passa a festejar suas conquistas.

Porém, não há nada no mundo que consiga suportar a ganância de alguns, quando as frutas maduras e, principalmente, as verdes, são dominadas pelas podres.

O amor se foi, mesmo que ainda seja exclamado mundo afora – digo mundo porque o sucesso cruzou as fronteiras. Os que plantaram a semente, quase todos, não desfrutam mais daquilo que viram nascer e calam-se diante da “invasão” daqueles que sequer estavam próximos no início e que, de alguma forma, tornaram-se mais do que membros, chegando alguns à “chefia”.

Infelizmente, a festa não encanta como antigamente. A mesma até acontece, mas fora do recinto e é desfrutada apenas por alguns, cuja maioria, não estava lá no início, quando a semente foi plantada.

Até a violência que, antigamente era artifício apenas de defesa, virou prioridade para que o poder destes que estão à frente agora seja absoluto, perante até os vizinhos, antigos aliados.

Hoje, o habitat conta com três espécies: os que ajudaram a construir e se calam diante da ganância; os próprios gananciosos que desvirtuaram uma paixão; e os felizes que, por não conhecerem a história, são apenas coadjuvantes de um filme que dificilmente terá um final feliz. 

Quaisquer semelhanças com fatos, dados, nomes ou pessoas conhecidas, relacionadas com esta estória, é simplesmente mera coincidência, ou produto da inteligência fantasiosa ou excepcional do leitor.